.: Escova de Dente (Infantil e Adulto) :.

Resumo da Análise
Normas e Documentos de Referência
Responsáveis pelos Ensaios
Marcas Analisadas
Informações Sobre as Marcas Analisadas
Ensaios Realizados e Resulatdos Observados
Informações ao Consumidor
Conclusões
Conseqüências

Resumo da Análise

A análise em escovas dentais vai ao encontro de uma das diretrizes do PAQP, que prioriza a seleção de produtos que sejam consumidos intensiva e extensivamente e que estejam relacionados a questões ligadas à saúde da população.

A partir de levantamento epidemiológico feito entre os anos de 1986 e 1996, pela Coordenação de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, verificou-se que o índice de dentes atacados por cáries entre crianças de até 12 anos sofreu uma redução de 54% nesse período (de 07 para 03 dentes) devido, principalmente, à fatores como a implantação de programas de educação em saúde bucal e a fluoretação das águas para abastecimento público.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – ABIHPEC, a demanda do mercado brasileiro de escovas dentais tem aumentado continuamente ao longo dos anos, alcançando, em 1997, o volume de 114 milhões de escovas vendidas.

Em contrapartida, o faturamento das empresas sofreu redução. Em 1997, o mercado movimentou cerca de 85 milhões de dólares, uma redução de, aproximadamente, 12% se comparado ao faturamento do ano anterior, quando as vendas alcançaram 96,8 milhões de dólares. Isso significa que o preço das escovas dentais tem diminuído, tornando o produto economicamente mais acessível às camadas da sociedade menos privilegiadas.

Essa redução do preço do produto é reflexo do processo de abertura econômica que o mundo atravessa atualmente, tornando os mercados mais competitivos, principalmente com a entrada de produtos de origem estrangeira.

A análise realizada a partir dos resultados encontrados, visa buscar respostas e novas informações a respeito da tendência da qualidade das escovas de dente comercializadas no mercado nacional, com o objetivo de despertar no consumidor, uma maior consciência crítica a respeito da conformidade de um produto que está muito presente no seu cotidiano, além de indicar aonde os problemas se concentram e que medidas devem ser tomadas para solucioná-los.

 

Reunião com a Associação dos Fabricantes

Por entender que, para alcançar os objetivos do PAQP, é necessário uma maior articulação com o setor produtivo, o procedimento de análise do Programa inclui contatos prévios com a entidade representativa dos fabricantes, a fim de obter contribuições para o estabelecimento da metodologia de ensaios em produtos.

As reuniões foram realizadas na sede da ABIHPEC e contaram com a participação de representantes do Inmetro, da associação e do grupo de estudos composto por representantes das empresas produtoras e/ou importadoras de escovas de dente.

À convite da ABIHPEC, também participaram os professores das Faculdades de Odontologia e Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, como representantes do único laboratório, no Brasil, capacitado tecnicamente para realizar ensaios em escovas dentais, e o presidente da FOLA (Federacion Odontologica Latinoamericana), como representante da ABO – Associação Brasileira de Odontologia, que coordena um processo de certificação, conferindo o Selo de Qualidade "Aprovado ABO" para produtos de higiene bucal.

O grupo de trabalho criado pela ABIHPEC alertou que a Portaria do Ministério da Saúde determina que "todo material que compõe a escova dental deve ser atóxico e adequado para seu uso", entretanto, não define os contaminantes, nem seus respectivos limites. Além disso, não foi encontrada nenhuma referência, nacional ou internacional, sobre limites de contaminantes para escovas dentais e sobre riscos de contaminação de usuários por metais pesados.

Entendendo que esse item não poderia ser desconsiderado, por estar diretamente relacionado à saúde da população, o Inmetro decidiu realizar os ensaios toxicológicos com base na norma específica para brinquedos.

A partir das contribuições obtidas, o Inmetro estabeleceu a metodologia para a realização dos ensaios em escovas dentais, definindo:

  • as normas e regulamentos técnicos a serem utilizados como base para realização dos ensaios;
  • o laboratório;
  • tipos e marcas a serem submetidos aos ensaios;
  • os ensaios;
  • a amostragem.

Normas e Documentos de Referência

Os ensaios foram realizados segundo a Portaria nº 89, de 12 de junho de 1996, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (especificação de requisitos).

Para a realização do ensaio que mede a rigidez das cerdas da escova, a Portaria cita a metodologia descrita na norma internacional ISO 8.627, de 01 de outubro de 1987 – Stiffness of the Tufted Area of Tooth-Brushes (Rigidez da Área Encerdada de Escovas de Dente).

Os ensaios toxicológicos foram realizados com base na norma NBR 11.786, de maio de 1996: Segurança do Brinquedo, utilizada como base para a certificação compulsória de brinquedos no Sistema Brasileiro de Certificação.

Laboratório Responsável Pelos Ensaios

Por não existir laboratório credenciado na Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios – RBLE, para ensaios mecânicos em escovas dentais, estes ensaios foram realizados nos laboratórios das Faculdades de Ciências Farmacêuticas e de Odontologia da Universidade de São Paulo – USP, em Ribeirão Preto.

Os ensaios toxicológicos foram realizados pelo Centro Tecnológico de Controle da Qualidade L.A. Falcão Bauer Ltda, laboratório credenciado pela Coordenação Geral de Credenciamento do Inmetro e integrante da RBLE, para ensaios em brinquedos.

Marcas Analisadas

A análise foi precedida de pesquisa de mercado realizada em 10 (dez) Estados: Rondônia, Paraná, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Bahia, Pará, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A partir dessa pesquisa e de dados sobre segmentação de mercado fornecidos pela ABIHPEC, a respeito do tipo de escova de dente mais consumido, foram selecionadas 24 (vinte e quatro) marcas, 12 (doze) para uso infantil, dureza macia, e 12 (doze) para uso adulto, dureza média, para que fossem submetidas aos ensaios de conformidade.

 

Informações sobre as Marcas Analisadas

Com relação às informações contidas na Home Page sobre o resultados dos ensaios, você vai observar que identificamos as marcas dos produtos analisados apenas por um período de 30 dias. Julgamos importante que você saiba os motivos:

  • As informações geradas pelo Programa de Análise da Qualidade de Produtos são pontuais, podendo ficar desatualizadas após pouco tempo. Em vista disso, tanto um produto analisado e julgado adequado para consumo pode tornar-se impróprio, como o inverso, desde que o fabricante tenha tomado medidas imediatas de melhoria da qualidade, como temos freqüentemente observado. Só a certificação dá ao consumidor a confiança de que uma determinada marca de produto está de acordo com os requisitos estabelecidos nas normas e regulamentos técnicos aplicáveis. Os produtos certificados são aqueles comercializados com a marca de certificação do Inmetro, objetos de um acompanhamento regular, através de ensaios, auditorias de fábricas e fiscalização nos postos de venda, o que propicia uma atualização regular das informações geradas.
  • Após a divulgação dos resultados, promovemos reuniões com fabricantes, consumidores, laboratórios de ensaio, ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnica e outras entidades que possam ter interesse em melhorar a qualidade do produto em questão. Nesta reunião, são definidas ações para um melhor atendimento do mercado. O acompanhamento que fazemos pode levar à necessidade de repetição da análise, após um período de, aproximadamente, de 1 ano. Durante o período em que os fabricantes estão se adequando e promovendo ações de melhoria, julgamos mais justo e confiável, tanto em relação aos fabricantes quanto aos consumidores, não identificar as marcas que foram reprovadas.
  • Uma última razão diz respeito ao fato de a INTERNET ser acessada por todas as partes do mundo e informações desatualizadas sobre os produtos nacionais poderiam acarretar sérias conseqüências sociais e econômicas para o país.

Ensaios Realizados e Resultados Obtidos

Para realização dos ensaios mecânicos, foram compradas 24 (vinte e quatro) amostras de cada marca, enquanto que para os ensaios toxicológicos foram compradas 10 (dez) amostras. Metade destas quantidades foi utilizada para a realização dos ensaios, enquanto a outra metade permaneceu lacrada em suas embalagens originais e foi guardada como contraprova.

Foram conduzidos os seguintes ensaios de conformidade:

a) Medida da Rigidez da Área Encerdada (Dureza das Cerdas)

Os ensaios para verificar a dureza das cerdas da escova de dente foram realizados com base na Norma ISO 8.627 – Stiffness of Tufted Area of Tooth-Brushes.

De acordo com a norma internacional, as escovas são classificadas, quanto ao Grau de Dureza (G) de suas cerdas, em:

  • Macia (G < 6);
  • Média (6 £ G £ 9);
  • Dura (9 < G)

Essa classificação permite que o consumidor escolha a escova com a dureza mais adequada às suas necessidades e às suas preferências.

Das 24 (vinte e quatro) marcas analisadas, 01 (uma) para uso infantil e 01 (uma) para uso adulto foram consideradas Não Conformes nesse ensaio por declararem, em suas embalagens, informações incorretas a respeito da dureza de suas cerdas.

A escova para uso infantil apresentou desvio, entre o Grau de Dureza máximo permitido e o determinado pelo ensaio de, aproximadamente, 5% (cinco por cento), ou seja, as cerdas dessa escova possuem propriedades que a caracterizam como de dureza média, e não macia, como informado na embalagem.

A escova para uso adulto apresentou desvio, para menos, de 19% (dezenove por cento). Neste caso, o fabricante declara que a escova possui características de média, entretanto, o resultado demonstra que as cerdas são de dureza macia.

Isso significa que o consumidor, principalmente aqueles que apresentam problemas odontológicos, como na gengiva e no esmalte dos dentes, por exemplo, ao comprar essas escovas, estão adquirindo produtos que não atenderão completamente às suas necessidades e, o que pode ser considerado mais grave, ao utilizar escovas com dureza inadequada, poderão estar acentuando seus problemas odontológicos.

b) Tensão para Remover o Tufo

Nesse ensaio, a cabeça da escova é presa e as cerdas são submetidas a uma tração, ou seja, são puxadas até que sejam arrancadas, a fim de verificar a sua ancoragem (meio pelo qual as cerdas são fixadas na cabeça da escova) e a sua durabilidade.

Esse ensaio simula a operação anormal de um usuário que tenta arrancar as cerdas da escova, mordendo-as e puxando-as. Segundo a Portaria do Ministério da Saúde, as cerdas devem suportar uma tração mínima de 1,5 kg.

Todas as marcas foram consideradas Conformes.

c) Forma da Extremidade da Cerda

De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde, "as pontas das cerdas devem apresentar acabamento, podendo ser arredondadas, lisas, plumadas, planas e polidas."

O bom acabamento das cerdas, independente da forma de suas extremidades, é fundamental para que se tenha uma limpeza mais completa e eficaz dos dentes, além de proteger o esmalte e massagear as gengivas, estimulando a irrigação sangüínea.

Todas as marcas foram consideradas Conformes.

d) Marcações

A norma ISO, além de especificar o método de ensaio e classificar os graus de dureza da área encerdada, também verifica as marcações do cabo e da embalagem da escova. Segundo a norma, o cabo deve ser marcado com o nome do fabricante ou da marca e a embalagem deve trazer a categoria de dureza das cerdas (macia, média ou dura).

O consumidor deve ter acesso à informação sobre o grau de dureza das cerdas, pois diz respeito à uma característica inerente ao produto, e sua indicação deve estar presente na embalagem, a fim de que possa escolher a escova mais adequada às suas necessidades.

Nesse ensaio, que verifica as marcações das escovas, a amostra de uma marca de escova para uso infantil foi considerada Não Conforme por não indicar, na embalagem do produto, a dureza de suas cerdas.

De acordo com o ensaio que determina a dureza da área encerdada, essa marca apresentou Grau de Dureza acima de 8 (oito), ou seja, o fabricante deveria declarar que seu produto é de dureza média.

e) Materiais da Escova

Esse ensaio verifica, através da pesquisa da presença de Metais Pesados (Antimônio, Arsênio, Bário, Cádmio, Chumbo, Cromo, Mercúrio e Selênio), se os materiais utilizados na fabricação das escovas dentais são de natureza atóxica, ou seja, se durante a utilização do produto, ou até mesmo quando da ingestão de suas partes, não liberam substâncias que causariam danos à saúde do usuário.

Todas as marcas foram consideradas Conformes.

Informações ao Consumidor

Os seres humanos desenvolvem dois conjuntos de dentes ao longo de sua vida. A primeira dentição, conhecida, popularmente, como "dentes-de-leite", é composta por vinte dentes que começam a surgir entre os cinco e nove meses de idade até os dois anos e meio. Os trinta e dois dentes da segunda dentição, ou permanente, formam-se dentro das gengivas entre a infância e a puberdade e começam a nascer por volta dos cinco anos de idade, deslocando os "dentes-de-leite".

Há quatro tipos de dentes permanentes, cada um deles possuindo funções específicas e distribuídos igualmente na arcada dentária (maxilar superior e inferior):

  • Incisivos: são oito dentes afiados cuja função é cortar os alimentos;
  • Caninos: são quatro dentes que possuem a função de segurar e rasgar os alimentos;
  • Pré-Molares: são oito dentes localizados atrás dos caninos que têm como função esmagar e rasgar os alimentos;
  • Molares: são doze dentes, localizados no fundo da boca e que, graças às suas amplas coroas e fortes raízes são ideais para a importante função de triturar e mastigar os alimentos, preparando-os para a ingestão.

A alimentação típica do mundo ocidental é muito rica em açúcar, o que torna praticamente impossível evitar a cárie dentária. Porém, o cuidado com os dentes, a menor ingestão de alimentos doces e visitas periódicas ao dentista (de preferência, a cada seis meses) ajudam a prevenir problemas odontológicos.

Dentre todas as bactérias que existem em nossa boca, alguns tipos se alimentam dos restos de comida que ficam entre os dentes, principalmente, da sacarose (tipo de açúcar), o que propicia o aparecimento das cáries. O único jeito de evitá-las é tendo uma boa higiene bucal, ou seja, fazer uma boa escovação dos dentes, indispensável após cada refeição, além de também utilizar outros métodos de limpeza, como o fio dental e o enxagüante bucal. A língua também deve ser escovada, pois é uma região que acumula bactérias e resíduos de alimentos que podem causar o mau hálito.

A higiene ideal é aquela em que se consegue alcançar e limpar todos os dentes, principalmente, os de trás, que são os de mais difícil acesso. Para isso, é fundamental selecionar uma escova com dimensões adequadas. Outras propriedades, como a dureza das cerdas, por exemplo, também devem ser consideradas ao se escolher uma escova de dente.

A boa escovação tem como objetivo remover a placa bacteriana, prevenir a formação do tártaro, estimular a irrigação sangüínea e a massagem gengival. Uma técnica eficaz para limpar os dentes é escová-los de um lado para o outro e de cima para baixo, com movimentos circulares.

Após seu uso, a escova deve ser lavada em água corrente e guardada em local limpo. Ela deve ser trocada, aproximadamente, a cada três meses, pois, após esse período, as cerdas, devido à própria força utilizada pelo usuário durante a escovação e ao seu desgaste natural, tendem a se deformar, perdendo, com isso, a eficiência.

Conclusões

Os resultados obtidos nos ensaios podem ser considerados satisfatórios, evidenciando-se que a tendência da qualidade das Escovas de Dente disponíveis para o consumidor no mercado nacional é de estarem em conformidade com os parâmetros estabelecidos pela Portaria do Ministério da Saúde.

Das 24 (vinte e quatro) marcas de escovas de dente analisadas, duas foram consideradas Não Conformes devido à discordância existente entre o grau de dureza das cerdas obtido no ensaio e o declarado pelos fabricantes na embalagem de seus produtos.

No ensaio que verifica as marcações no cabo e na embalagem das escovas, apenas uma marca foi considerada Não Conforme por não informar, na embalagem do produto, o grau de dureza das cerdas.

Nos demais ensaios, todas as marcas foram consideradas Conformes.

O Inmetro se articulará com a ABIHPEC para que o grupo formado por representantes do setor, inclusive com a participação da ABO, envie, ao Ministério da Saúde, proposta de revisão da Portaria vigente, dando-se maior ênfase ao desenvolvimento de metodologia que verifique a toxicidade dos materiais que compõem a escova, seja a partir de uma norma ou regulamento técnico pré-existente ou da criação de uma metodologia específica para Escovas Dentais.

Conseqüências

DATA

AÇÕES

29/11/1998

Divulgação no Programa Fantástico da Rede Globo de Televisão

04/12/1998

Reunião realizada entre representantes da Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Higiene, Perfumaria e Cosméticos - ABIHPEC e do INMETRO com o objetivo de definir metodologia para determinação da toxicidade do material utilizado na fabricação das escovas dentais.