.: Programa de Análise de Produtos
- Balanço Geral de 8 Anos :.
Divisão de Orientação
e Incentivo à Qualidade
Diretoria da Qualidade
Inmetro
O Programa de Análise
de Produtos teve início há 8 anos como mais uma
ação do Inmetro fortemente identificada, de um lado,
com a informação / proteção do cidadão
brasileiro e, de outro, com o desenvolvimento qualitativo do setor
produtivo.A relação do Inmetro com a sociedade aprimorou-se
muito desde então e o Programa, que de início era
praticamente uma nova experiência, revelou-se uma preciosa
ferramenta de cidadania; prova disso é o crescente aumento
no volume de trabalho e a popularidade do programa veiculado na
mídia.No entanto, além da questão da cidadania
o Programa de Análise de Produtos vem contribuindo decisivamente
para o fortalecimento e a competitividade da indústria
nacional.Conseqüência direta do Programa, mais de 80
ações foram desencadeadas, todas com impacto direto
na melhoria da qualidade de produtos brasileiros, desde revisão
de normas técnicas até implantação
de certificações compulsórias.É, portanto,
com grande satisfação que apresentamos o balanço
dos 8 anos do Programa de Análise de Produtos.
ARMANDO MARIANTE CARVALHO
Presidente do Inmetro
Programa de Análise
de Produtos
Apresentação
Ao longo de seus 8 anos de existência,
o Programa de Análise de Produtos procurou atingir seus objetivos
inicialmente propostos, que são prover mecanismos que permitissem
manter os consumidores brasileiros informados sobre a conformidade
de produtos e serviços aos regulamentos e normas técnicas,
assim como fornecer subsídios para a melhoria contínua
da indústria nacional.Além do atingimento dessas metas,
o Programa possibilitou, com a ampla divulgação dos
resultados das análises na imprensa, que os consumidores
se tornassem mais conscientes dos seus direitos e responsabilidades
na aquisição, uso e descarte de produtos e serviços,
sabendo diferenciá-los no mercado nacional em relação
à sua qualidade e adequação às exigências
do Código de Proteção e Defesa do Consumidor
(Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990).O Programa de Análise
de Produtos tornou-se, sem dúvida, o mais efetivo instrumento,
dentre as ações desenvolvidas pelo Inmetro, para o
desenvolvimento do processo de educação para o consumo.O
sucesso deste tipo de iniciativa pode ser explicado pelo elevado
poder de alcance da mídia, com quem o Inmetro mantém
excelente relacionamento. Isso contribui de forma decisiva para
o aumento do nível de conhecimento, credibilidade e imagem
do instituto junto à sociedade brasileira, como revelam os
números a seguir:


É importante reconhecer também
o apoio permanente das diferentes diretorias, divisões e
da alta administração do Inmetro, do empresariado,
das entidades de defesa do consumidor, dos órgãos
regulamentadores e, principalmente, dos consumidores brasileiros
para a consolidação cada vez maior do objetivo de
informar sobre a qualidade dos produtos e serviços disponibilizados
no mercado nacional.Este relatório tem como objetivo mostrar
o balanço dos 8 anos do Programa de Análise de Produtos
do Inmetro, destacando as contribuições dadas ao setor
produtivo brasileiro e aos consumidores, e as principais ações
implementadas a partir dos resultados das análises, visando
o aumento da produtividade e da competitividade da indústria
nacional. Também serão apresentados os indicadores
gerados pelo Programa, a perspectiva para o futuro e o cronograma
de análises para 2004.
Histórico
O Programa de Análise de Produtos
foi criado em 1995, através de um convênio assinado
entre o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial – Inmetro, autarquia federal vinculada ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior e o Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor – DPDC, do Ministério da Justiça.Através
desse convênio, o Inmetro passou a integrar o Sistema Nacional
de Defesa do Consumidor, composto também por outras entidades
como o Fórum Nacional dos Procons, entidades civis de defesa
do consumidor, a vigilância sanitária, as delegacias
especializadas no atendimento ao consumidor, órgãos
do Ministério Público, entre outros, tendo como uma
de suas competências analisar a tendência da qualidade
de produtos e serviços, tomando por base o declarado no inciso
VIII, do artigo n.º 39, da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990
(Código de Proteção e Defesa do Consumidor)
que estabelece:
"É vedado ao fornecedor
de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas:
colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço
em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos
oficiais competentes ou, se normas específicas não
existirem, pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
- Conmetro".Mais abrangente ainda, o artigo 8º também
faz referência à qualidade de produtos e serviços:"Os
produtos e serviços colocados no mercado de consumo não
acarretarão riscos à saúde ou segurança
dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis
em decorrência de sua natureza ou fruição,
obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar
as informações necessárias e adequadas a
seu respeito."
A partir desse momento, as atividades do
Inmetro voltadas à defesa e proteção dos direitos
do consumidor, antes restritas à fiscalização
metrológica, principalmente, no campo de produtos pré-medidos,
passaram a ganhar notoriedade e o nome do instituto começou
a ser difundido por todo o país.Em janeiro de 1996, foram
divulgados os resultados do primeiro produto analisado: caixa de
fósforos. Atualmente, o Programa contabiliza 178 produtos
analisados de cerca de 1.273 fabricantes e 422 fornecedores
de serviços, que juntos correspondem ao impressionante número
de 1.398 marcas divididas em 9 categorias: alimentício,
automotivo, construção, doméstico, eletro-eletrônico,
incêndio, infantil, saúde e uso pessoal. Os resultados
foram disponibilizados para o público em 386 divulgações
que contabilizaram mais de 12 horas de informações
ao consumidor em programas de televisão.
Procedimento do Programa
Para atingir os objetivos com alto grau
de confiabilidade, o Programa de Análise de Produtos segue
as diretrizes definidas no procedimento NIG-DQUAL-002 do Inmetro.
Esse documento estabelece uma série de etapas obrigatórias,
que envolvem desde o planejamento anual até o acompanhamento
das ações de melhoria demandadas nos relatórios
das análises e definidas em acordo com o setor produtivo.
Podem ser destacadas como fundamentais as seguintes etapas:
Seleção de Produtos e
Serviços
São selecionados para análise
os produtos e serviços consumidos/utilizados em larga escala
pela população e aqueles que envolvem questões
relacionadas à saúde e à segurança do
usuário e ao meio ambiente.Outro critério utilizado
para seleção é a freqüência de reclamações
e/ou sugestões sobre produtos e serviços em páginas
especializadas da imprensa destinadas à defesa do consumidor,
nos contatos feitos com a Ouvidoria do Inmetro e através
da ferramenta "Indique", na homepage do instituto,
além de outras demandas advindas de variados setores da sociedade.Deve
ser destacado que o Programa de Análise de Produtos não
tem por objetivo aprovar marcas, modelos ou lotes de produtos. Considerando
que a qualidade de um determinado produto ou serviço é
responsabilidade das partes que o disponibilizaram no mercado de
consumo (fabricante, importador, fornecedor, revendedor), o fato
das amostras analisadas estarem ou não de acordo com as especificações
contidas em uma norma ou regulamento técnico indica a tendência
do setor em termos da qualidade, ou seja, a tendência de que
o produto pode ou não oferecer risco ao usuário ou
ao meio ambiente.
Participação de Órgãos
Regulamentadores e Entidades Representativas do Setor Produtivo
Na etapa inicial de cada processo de análise,
o Inmetro convida, através de correspondência, o órgão
regulamentador de cada produto ou serviço proposto, para
que auxilie na definição das normas e regulamentos
que servirão de base para os ensaios, da metodologia a ser
utilizada ou qualquer outra informação técnica
relevante.A participação dos órgãos
regulamentadores é de extrema importância, pois minimiza
a possibilidade de erros na condução das análises
e interpretações dúbias de resultados.O apoio
do setor produtivo é igualmente necessário, uma vez
que as ações de melhoria geralmente têm origem
na vontade do empresariado em garantir a qualidade de seus produtos
e a concorrência leal no mercado. Por isso, as associações
representativas dos fabricantes e fornecedores são convidadas
a atuar como parceiras do Inmetro no processo de análise.
Seleção de Marcas e Compra
das Amostras
A compra das amostras selecionadas é
feita no mercado formal, inclusive com notas fiscais, de modo a
simular a compra feita pelo consumidor.Dessa maneira, com base no
Código de Defesa do Consumidor, que estabelece que qualquer
produto ou serviço colocado no mercado de consumo precisa
atender às normas, o Inmetro adquire a quantidade mínima
de amostras necessárias para a realização dos
ensaios. Ao consumidor interessa saber se o produto que ele está
comprando é seguro ou atende às expectativas previstas
em termos de desempenho, e não que um lote de produtos apresenta
determinada porcentagem de produtos defeituosos.Também não
é necessário analisar todas as marcas existentes no
mercado, pois o objetivo é verificar a tendência da
qualidade do setor. Portanto, a seleção das marcas
que serão submetidas aos ensaios é precedida de uma
pesquisa de mercado realizada, em nível nacional, pelos Institutos
de Pesos e Medidas dos Estados (IPEMs), órgãos
delegados do Inmetro que compõem a Rede Brasileira de
Metrologia Legal e Qualidade – Inmetro. A partir dos resultados
dessa pesquisa, são selecionadas todas as marcas importadas
e algumas nacionais, com base nos critérios de participação
no mercado e regionalização das marcas. O Inmetro,
dessa maneira, busca dar um caráter nacional às análises
que realiza, comprando marcas em todo o Brasil.É importante
ressaltar que os produtos com conformidade avaliada (que
possuem selo do Inmetro) não são analisados pelo Programa,
a não ser que se queira evidenciar a importância da
avaliação da conformidade ou alertar para o risco
de consumir produtos falsificados (exemplo: análise em brinquedos
sem selo). Esse tipo de produto, como preservativos masculinos,
capacetes para motociclista, brinquedos, extintores de incêndio,
entre outros, já é submetido a um acompanhamento sistemático,
que garante, seja através da fiscalização ou
de outros mecanismos de verificação, o atendimento
a critérios de segurança preestabelecidos em normas
ou regulamentos técnicos.
Posicionamento dos Fornecedores e Divulgação
dos Resultados
Uma das metas do Inmetro é informar
os fornecedores sobre as condições de qualidade apresentadas
pelos seus produtos ou serviços. Como as informações
constantes nos laudos dizem respeito à segurança
e à saúde do consumidor, é necessário
que os responsáveis pela oferta dos produtos ou serviços
sejam comunicados sobre os resultados obtidos na análise
de suas respectivas amostras.Cada fornecedor, então, é
convidado a se posicionar sobre seus resultados, tendo a oportunidade
de justificar ou contestar as não conformidades encontradas.
Após a eliminação de toda e qualquer dúvida
que os fornecedores apresentem, é elaborado o relatório
de análise, que é disponibilizado para a imprensa.A
divulgação dos resultados tem por objetivo disponibilizar
para o consumidor informações que podem influenciar
sua decisão de compra. O tratamento dado pela mídia,
principalmente pelos programas de televisão, é o responsável
pela grande repercussão obtida em cada divulgação.
Neste ano de 2003, as divulgações passaram a ter um
caráter mais educativo, sendo dada ênfase aos depoimentos
de consumidores que tiveram problemas com os produtos analisados.
Do ponto de vista da responsabilidade do Inmetro de educar para
o consumo, essa tendência é extremamente favorável.
Definição de Medidas de
Melhoria
Dependendo da gravidade e da abrangência
das não conformidades encontradas em uma análise,
o Inmetro pode convocar uma reunião com o objetivo de se
definir medidas que corrijam os problemas. Nesse fórum, para
o qual são convidados os fornecedores envolvidos na análise,
o laboratório responsável pelos ensaios, as associações
representativas do empresariado, o meio acadêmico, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, os órgãos
reguladores e entidades civis de defesa do consumidor, entre outros,
são discutidas propostas que podem resultar na criação
ou revisão de uma norma, no comprometimento do setor em adotar
programas setoriais de qualidade, na criação de um
Programa de Avaliação da Conformidade, etc.Ao longo
dos oito anos de existência do Programa de Análise
de Produtos, foram deliberadas 50 ações de
melhoria, o que corresponde a cerca de 30% do total de produtos
analisados. A seguir estão relacionados os produtos e serviços
que demandaram ações de melhoria da qualidade impulsionadas
pelos resultados do Programa de Análise de Produtos:
Lista
de produtos com ações de melhoria
|
Ano:
1996
|
Água Mineral
|
Água Sanitária
|
Caixa de Fósforo
|
Chupeta
|
Desinfetante
|
Estabilizador de Voltagem
|
Freezer de Supermercado
|
Garrafa de Álcool
|
Garrafa Térmica
|
Luminária
|
Saco para Lixo
|
Ano:
1997
|
Água Mineral
em Garrafões de 20l
|
Aparelho de Medição
de Pressão Arterial
|
Copo de Chopp
|
Leite tipos B e C
|
Liqüidificador
|
Mangueira de Incêndio
|
Óculos de Sol
|
Papel Higiênico
|
Lista
de produtos com ações de melhoria
|
Ano:
1998
|
Absorvente Higiênico
|
Cadeira Plástica
|
Café Torrado
e Moído
|
Luva Cirúrgica
e Luva Não Cirúrgica
|
Revestimento Cerâmico
|
Ano:
1999
|
Composto Líquido
pronto para o Consumo (Energéticos)
|
Escada Doméstica
|
Extensão Elétrica
|
Filtros e Purificadores
de Água
|
Garrafa Térmica
com Ampola de Vidro
|
Isqueiro Descartável
|
Mangueira de Incêndio
|
Palmito em Conserva
|
Pão de Queijo
|
Ventilador de Teto
|
Ano:
2000
|
Água Sanitária
|
Desinfetante
|
Óculos de Sol
|
Produtos Derivados
de Amendoim (Amendoim e Paçoca)
|
Reator Eletromagnético
|
Ano:
2001
|
Ferramentas Manuais
(Alicate, Chave de Fenda e Martelo)
|
Luminária
|
Telha e Tijolo Cerâmicos
|
Tijolo Cerâmico
|
Ano:
2002
|
Café Torrado
e Moído
|
Ferro Elétrico
|
Fogos de Artifício
|
Papel Higiênico
|
Qualidade do Ar
|
Rotulagem ISO 9000
|
Ano:
2003
|
Saco para Lixo
|
Manual de Instrução
de Fogão
|
Inseticida
|
Ventilador de Teto
|
Brinquedo Apreendido (Sem Selo do
Inmetro)
|
Outros produtos sofreram ações
semelhantes, como interdição de lotes, alteração
na rotulagem e recolhimento de produtos no mercado de consumo, resultados
das análises em amendoim, palmito em conserva e água
mineral.Os desdobramentos das análises podem ser acompanhados
na página do Inmetro na Internet: www.inmetro.gov.br
Ações de Melhoria Geradas
pelo Programa de Análise de Produtos
A seguir, são relacionadas algumas
das ações de melhoria que merecem destaque:
Em fevereiro de 1996, o Inmetro divulgou
os resultados da análise em 17 marcas de água mineral.
Uma das amostras apresentou contaminação microbiológica
(presença de coliformes totais), o que gerou a interdição
da empresa responsável durante 02 meses, por ordem da Secretaria
de Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro.O
especialista contratado pela empresa identificou que, apesar da
empresa possuir modernos equipamentos desde a captação
até o engarrafamento, o produto final estava comprometido
porque umas das fontes de água estava contaminada. Como a
empresa empregava um grande número de pessoas da localidade
em que se encontrava, houve uma grande repercussão quanto
ao fechamento de postos de trabalho na cidade.Felizmente, o problema
foi corrigido, como comprovaram os resultados de uma nova análise
realizada 13 meses depois. Naquela ocasião, foram submetidas
novamente aos ensaios amostras de 25 marcas de água mineral,
que apresentaram 100% de conformidade.
Esta análise foi motivada pelo aquecimento
do mercado imobiliário de prédios residenciais, o
mercado tornou-se mais concorrido, fazendo com que os fabricantes
buscassem a diminuição de custos com sérios
riscos em relação à qualidade.Nesse contexto,
o Inmetro submeteu 04 marcas de 04 fabricantes (responsáveis,
na época, por 95% do mercado) aos critérios da norma
específica. Os resultados foram considerados preocupantes,
por se tratar de um produto no qual não se pode admitir qualquer
tipo de falha ou defeito. Todas as amostras foram consideradas não
conformes.Esse fato gerou a revisão da norma, visando maior
segurança para o usuário do produto. Como conseqüência,
na segunda análise em mangueira de incêndio, em fevereiro
de 2000, observou-se uma evolução da qualidade das
marcas analisadas. Duas das marcas analisadas em 1997, por exemplo,
apresentaram índices de 15% e 43% de conformidade em 7 tipos
de requisitos. Na segunda análise obtiveram, respectivamente,
índices de 89% e 100% de conformidade em 18 requisitos.Ainda
que a norma tenha sido revista e que o número de não
conformidades encontradas tenha sido menor que o de 1997, o fato
de 05 das 06 marcas analisadas terem apresentado resultados insatisfatórios
incentivou o setor a procurar a certificação voluntária
de seus produtos.
Em 1999, o Inmetro repetiu a análise
em garrafas térmicas, com o objetivo de verificar se a revisão
da norma específica, motivada pelos resultados da primeira
análise, realizada em 1996, foi efetivamente acompanhada
pelo setor produtivo.Os laudos demonstraram uma melhora na qualidade
do produto nacional, pois as 03 marcas nacionais foram consideradas
conformes em todos os ensaios de desempenho e segurança realizados,
resultado melhor que o obtido em 1996, quando apenas uma das três
marcas nacionais analisadas foi considerada conforme nos ensaios.Em
se tratando do produto importado, observou-se que apenas uma das
quatro marcas importadas analisadas foi considerada conforme Em
1996, as duas marcas analisadas estavam não conformes.A constatação
de que o produto nacional melhorou evidencia a importância
das ações deflagradas pelo Programa de Análise
de Produtos.
Duas análises foram realizadas, com
intervalo de cinco anos entre elas. Na primeira, realizada em agosto
de 1996, todas as marcas foram consideradas não conformes,
o que motivou a revisão da norma e o estabelecimento de um
programa de certificação voluntária. A segunda
análise, realizada em agosto de 2001, permitiu concluir que
luminárias montadas pelos lojistas (revendedores) apresentam
um número de não conformidades maior do que as luminárias
montadas pelos fabricantes.Isso era provocado pelo desconhecimento
que os lojistas tinham da importância da normalização
e do Código de Defesa do Consumidor, que estabelece que o
revendedor de um produto responde solidariamente pelos vícios
de qualidade que o produto apresente.O Inmetro considerou o fato
grave, já que uma parcela significativa das luminárias
encontradas no mercado são montadas pelos lojistas. Durante
a etapa de definição de medidas de melhoria, a associação
que representa o setor assumiu o compromisso de desenvolver, junto
com o Sebrae, cursos profissionalizantes envolvendo a montagem de
luminárias.
Estas foram análises metrológicas,
ou seja, os rolos de papel higiênico foram medidos para verificar
se os valores encontrados eram os mesmos que os fabricantes declaram
nos rótulos das embalagens. Em maio de 1997, data da primeira
análise, foram encontradas amostras que apresentavam diferenças
negativas no comprimento de até 08 metros em relação
ao que era informado no rótulo. Foram consideradas não
conformes, ao todo, 23% das marcas analisadas.A constatação
de que o consumidor estava sendo lesado provocou a criação
de mais um critério de verificação nas medições
de rolos de papel higiênico, para verificar a medida individual
de cada rolo e não somente a média da medição
das amostras.Esse novo critério foi testado na segunda análise,
em maio de 2002, com resultados satisfatórios. Apenas 03
marcas, dentre as 16 verificadas, foram consideradas não
conformes, e apenas em relação à largura do
produto.
O produto foi testado em duas ocasiões,
em abril de 1996 e em fevereiro de 2000. De uma análise para
outra, ficou constatado que a natureza das não conformidades
continuou a mesma, assim como a tendência da qualidade do
setor. Além de algumas amostras não agirem sobre os
microorganismos, outras encontravam-se contaminadas dentro da própria
embalagem, para surpresa dos próprios especialistas no assunto.Essa
conclusão levou a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - Anvisa, responsável pela regulamentação
e fiscalização dos produtos, a solicitar que as marcas
não conformes se adequassem ao regulamento técnico.
Os ensaios realizados em abril de 1998 e
repetidos em outubro de 2002 demonstraram que o Selo de Pureza ABIC
pode ser usado pelo consumidor como referência de pureza ao
escolher a marca.Na primeira análise, 32 marcas foram verificadas.
Dentre as 08 amostras sem o selo da ABIC, foram encontradas 03 com
evidências de fraude, uma delas misturada com milho.
Em 2002, 55 marcas foram analisadas e das 19 sem selo, 08 estavam
adulteradas com adição de centeio, cevada e milho.Neste
caso, não houve medidas de melhoria acarretadas pelo Programa,
apenas uma orientação de que o Selo da ABIC, apesar
de ser um atestado de pureza e não de qualidade, representava
uma iniciativa própria do empresariado com o objetivo de
evitar a concorrência desleal, beneficiando com isso o consumidor.
O produto foi analisado pela primeira vez
em setembro de 1996 e os resultados obtidos mostraram que os fabricantes
não acompanhavam a normalização. Das 10 marcas
adquiridas no mercado, apenas 01 foi considerada conforme.Como conseqüência
da análise, a norma específica foi revisada com ampla
participação dos fabricantes, tendo sido revista inclusive
a aplicabilidade de alguns ensaios que não puderam ser realizados
devido a interpretações duvidosas no texto. Segundo
o setor, a norma era excessivamente rigorosa.Para verificar o comprometimento
do setor produtivo com os novos critérios da norma revisada
(menos rígida e com critérios melhor definidos), o
Inmetro repetiu a análise em fevereiro de 2003, constatando
que nenhuma das 18 amostras ensaiadas atendeu à norma. Na
divulgação desses resultados, a reportagem deu ênfase
à insatisfação dos consumidores e dos profissionais
de limpeza pública com a qualidade dos sacos para lixo.Novamente
foi convocada um reunião com o setor para a definição
de medidas de melhoria que fossem efetivamente seguidas e, como
conseqüência, a norma está sendo novamente submetida
a um processo de revisão, com acompanhamento do Inmetro.
A queima de fogos de artifício em
Copacabana, ponto alto das comemorações de final de
ano, reúne um público estimado em 2 milhões
de pessoas na orla do Rio de Janeiro. No ano 2000, durante o espetáculo,
um acidente causado pela falta de observância aos limites
de segurança causou a morte de uma pessoa e deixou outras
76 feridas.A discussão a respeito da segurança dos
usuários levou a Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro
a solicitar ao Inmetro uma análise nos fogos de artifício.
Apesar da pesquisa de mercado ter contemplado 35 marcas em 10 Estados
do país, as compras foram restritas aos mercados do Rio de
Janeiro e de Minas Gerais. Devido ao atentado terrorista ao World
Trade Center, em Nova York, as empresas transportadoras se recusaram
a trabalhar com produtos dessa natureza por medidas de segurança.Os
resultados dos ensaios, baseados na normalização inglesa,
por não existir uma norma brasileira, mostraram que 05 das
08 marcas analisadas foram consideradas não conformes em
itens de desempenho e segurança.Esse fato foi considerado
preocupante, pois a natureza artesanal da fabricação
de fogos de artifício aliada à falta de atenção
do consumidor para a necessidade de ler as instruções
para manusear o produto torna o uso desses produtos potencialmente
perigoso.O Inmetro convocou uma reunião para discutir medidas
que solucionassem o problema. Como conseqüência desse
encontro, que contou com a participação do Centro
de Tecnologia do Exército – CTEx e do Sindicato de Sindicato
das Indústrias de Explosivos do Estado de Minas Gerais, Estado
onde se concentra a maior parte dos fabricantes, definiu-se necessidade
de criar uma norma brasileira que estabelecesse critérios
e ensaios.Atualmente, o Ministério do Exército, o
setor produtivo e o Inmetro estão analisando a possibilidade
de certificar o produto compulsoriamente. O Inmetro, inclusive,
enviou uma missão à Alemanha com o objetivo de conhecer
os trabalhos desenvolvidos pelo o Federal Institute for Materials
Research and Testing (BAM), organismo certificador alemão,
em programas de avaliação da conformidade para fogos
de artifício.
Indicadores
O Programa de Análise de Produtos
é continuamente reavaliado, através de indicadores
que gerenciam sua eficiência e efetividade no atendimento
aos objetivos. Os principais indicadores de desempenho e acompanhamento
são os seguintes:Entre 1996 e 2003, foram analisados:
178 Produtos
1.398 Marcas
1.273 Fabricantes
422 Fornecedores de Serviço
Ao longo dos 8 anos, os seguintes indicadores
também foram contabilizados:Custo do Programa (*) R$
3,6 milhõesCusto das Divulgações (**) R$ 138,7
milhõesNúmero de Divulgações do Inmetro
na Mídia 386Tempo do Inmetro na Mídia 12h 02min 28s
(*) O valor corresponde à compra e ao transporte de amostras,
ao pagamento de laboratórios contratados e de técnicos
diretamente envolvidos, incluindo custos com diárias e passagens
para eventuais viagens feitas pelo Programa de Análise de
Produtos.(**) Esse é o valor que o Inmetro gastaria caso
tivesse que pagar pelo espaço na mídia.O gráfico
abaixo mostra o número de análises a cada ano:

Nota-se a queda deste indicador a partir de 1999, ficando abaixo
da meta de 24 produtos nos anos subseqüentes. Isso se
deve ao nível crescente de complexidade alcançado
pelo Programa em função, principalmente, da intensificação
das negociações do Inmetro com o setor produtivo e
com os órgãos regulamentadores. No ano de 2003, no
entanto, a meta foi novamente alcançada.Existem também
indicadores que podem medir a contribuição do Programa
de Análise de Produtos para a melhoria da qualidade da indústria
nacional, como o Índice de Impacto, criado em 2002.
Esse indicador tem a seguinte memória de cálculo:n.º
de produtos/serviços analisados com ações de
melhoria deliberadasn.º de produtos em que o relatório de
análise delibera uma ação do InmetroEntende-se
por "ações de melhoria deliberadas" a sugestão
de medidas a serem adotadas pelo Inmetro, pelo setor industrial
ou por entidades civis (ABNT, por exemplo) e/ou governamentais (órgãos
regulamentadores e fiscalizadores) visando a correção
de problemas setoriais identificados em uma análise realizada.

O gráfico a seguir relaciona as metas
definidas para os anos de 2002 e 2003 e os índices alcançados.Para
medir a eficiência do Programa de Análise de Produtos
é calculado o Custo das Divulgações,
isto é, uma estimativa de quanto o Inmetro teria investido
durante os 8 anos de existência do Programa, caso tivesse
que pagar por cada uma das divulgações feitas na televisão.
É útil, sobretudo, se comparado com o custo do Programa,
que é aproximadamente 40 vezes menor.

Esses valores são calculados multiplicando-se
o tempo de divulgação pelo valor estimado correspondente
ao minuto de veiculação cobrado pelo programa Fantástico,
da Rede Globo, principal divulgador das análises. Além
de manter interesse na divulgação de análises
desde a criação do Programa de Análise de Produtos,
o programa Fantástico justifica sua importância ao
informar um público de 70 milhões de pessoas.Em 2003,
houve um aumento de 50%, em relação ao ano anterior,
do tempo de divulgação das análises, que vêm
ganhando um caráter mais educativo. Isso pode ser creditado
à boa relação que o Inmetro mantém,
atualmente, com a mídia, consolidada através de reuniões
periódicas que reafirmam o interesse mútuo na parceria.Apesar
de ficar comprovado que o Programa é viável economicamente
e, acima de tudo, que possibilita uma projeção na
mídia que contribui para o fortalecimento da credibilidade
que o Inmetro tem com a sociedade, é necessário verificar
se os objetivos de melhoria contínua da qualidade estão
sendo alcançados. Além do Índice de Impacto,
comentado anteriormente, existe um indicador que acompanha a evolução
na tendência de conformidade dos produtos e serviços.
O Percentual de Conformidade mede o comprometimento do setor
produtivo em cumprir os critérios estabelecidos pela normalização
e regulamentação vigentes.

Como podemos observar pelo gráfico,
houve um aumento gradativo do percentual de conformidade dos produtos
analisados até 1998, o que demonstra uma evolução
na tendência da qualidade.A partir de 1999, o Programa optou
por uma revisão de estratégias para seleção
de produtos e serviços para análise e passou a concentrar
seus esforços em mapear setores que apresentassem histórico
de problemas e reclamações. Isto se refletiu na queda
do valor deste indicador nos anos seguintes.Em 2002, esse valor
voltou a subir, demonstrando que alguns setores produtivos têm
apresentado bons níveis de conformidade aos critérios
exigidos nas normas e regulamentos.O ano de 2003, por sua vez, revelou
que algumas outras áreas enfrentam problemas. De fato, o
não atendimento às normas e regulamentos técnicos
demonstrou ser um problema grave em alguns setores, como o eletro-eletrônico,
o infantil, o doméstico, o de construção e
o de incêndio.Esses dados também podem ser compreendidos
de outra forma, de maneira a comparar, ao longo dos anos, a qualidade
do produto nacional e a do importado. O gráfico seguinte
permite visualizar o Percentual de Conformidade Anual.

Esse indicador mostra claramente que o percentual
de conformidade do produto nacional, historicamente, sempre foi
superior ao do produto importado, o que derruba o conceito de que
"o produto importado é melhor que o produto nacional".
Na verdade, o percentual de conformidade acumulado do produto
nacional (51,8%) é superior ao do produto importado (43,3%).Além
desses, o Programa de Análise de Produtos dispõe de
um outro indicador muito útil: O Percentual de Conformidade
por Setor, que permite identificar as áreas menos comprometidas
com a normalização nas quais o Programa deve atuar
de maneira mais incisiva:

Contribuição para a Credibilidade
Durante os 8 anos de funcionamento, o Programa
de Análise de Produtos não apenas ajudou a consolidar
a imagem do Inmetro com a sociedade brasileira como contribuiu para
a popularização suas principais atividades que, por
sua natureza técnica, às vezes tornam-se de difícil
compreensão. Hoje, o consumidor está mais consciente
da existência de normas e de conceitos como defesa do consumidor
e qualidade de produtos e serviços.Em 2002, uma pesquisa
de opinião realizada pelo Ibope revelou que 63% da população
conhece e confia nos trabalhos desenvolvidos pelo Inmetro. O
estudo mostra que, nos últimos seis anos, aumentou em 50%
o número de pessoas que conhecem o instituto, todas com idade
acima de 16 anos.Essa credibilidade é traduzida na maneira
espontânea com que os meios de comunicação e
a própria população citam o nome do Inmetro.
A seguir, exemplos daquilo que é chamado de "mídia
espontânea", no jargão da comunicação:
- No filme "Os Normais", lançado
em 2003, a personagem de Fernanda Torres explica à personagem
de Marisa Orth sobre o tamanho de absorventes íntimos:
"- Escuta aqui minha
filha, você sabe o que é Inmetro? – pergunta Fernanda.
- Sim - Responde Marisa.- Você acha que o Inmetro ia deixar
fazerem duas caixas, uma escrita média e a outra super
e depois colocarem dois absorventes iguais lá dentro?";
- No domingo seguinte à divulgação
dos resultados da análise no produto amendoim, no programa
Fantástico, da Rede Globo de Televisão, a coluna
de humor de Agamenon Mendes Pedreira, do jornal O Globo, publicou
uma nota fazendo alusão à eliminação
de um dos concorrentes do programa No Limite, da mesma emissora,
cujo apelido era o nome do produto:
"AGAMENON MENDES PEDREIRA já
sabia que o Amendoim ia se dar mal NO LIMITE, pois ele já tinha
sido condenado pelo Inmetro no Fantástico";
- O cartunista Mark Cullum, que publicava
suas tiras de quadrinhos no jornal O Globo, desenhou o seguinte
diálogo:

Muitas outras demonstrações
espontâneas de confiança poderiam ser citadas. Em uma
busca na Internet, em páginas pessoais conhecidas como "blogs",
as análises realizadas pelo Inmetro são citadas freqüentemente,
tendo a expressão "aprovado pelo Inmetro" se popularizado
de maneira definitiva e utilizada de forma conotativa, quando as
pessoas querem dizer que algo ou alguém é de reconhecida
qualidade.Certamente, o Programa de Análise de Produtos contribuiu
para essa aceitação, que envolve o nome do Inmetro
e suas atividades e alavanca outros projetos em favor do consumidor
brasileiro e da indústria nacional. A missão do Programa
tem sido cumprida, na medida em que o consumidor brasileiro, que
alguns anos atrás nem sabia da importância de verificar
o prazo de validade dos alimentos, passou a buscar orientações
para consumir (adquirir, usar e descartar) produtos e serviços.Cabe
destacar que o Programa de Análise de Produtos é o
principal divulgador das atividades do Inmetro, mas a sustentabilidade
do nome é conseguida pelo trabalho sério de todas
as áreas e atividades do instituto.Hoje, além do consumidor
estar mais próximo de conceitos como defesa do consumidor
e qualidade de produtos e serviços – resultado dos esforços
não apenas do Inmetro mas também de outros setores
da sociedade civil – ele está mais consciente da existência
de normas e regulamentos técnicos.
Perspectiva Para o Futuro:
Os indicadores de desempenho mostram uma
forte tendência de crescimento nas atividades do Programa
de Análise de Produtos. Em 2003, por exemplo, o número
de produtos analisados foi o maior dos últimos 5 anos, tendo
sido alcançada a meta de realizar 24 análises no ano.No
que diz respeito ao retorno de imagem na mídia, houve um
crescimento de 50% no tempo das divulgações (vide
indicador Custo das Divulgações). Ao mesmo tempo,
as análises divulgadas na televisão têm abordado
o aspecto educacional sobre a compra, uso e descarte dos produtos
e serviços, o que permite atingir o objetivo de educar para
o consumo.Atualmente, o Programa de Análise de Produtos busca
formas de minimizar os custos e as complexidades inerentes às
atividades. Nesse sentido, estão sendo estudadas parcerias
e convênios com órgãos regulamentadores, como
Anvisa e Ministério da Agricultura, com laboratórios
e meio acadêmico.
Cronograma de Análises para 2004:
Entre os produtos
e serviços selecionados para 2004 estão aqueles em
que tornou-se necessário verificar a implantação
de medidas de melhoria da qualidade, como água sanitária,
colchão, escada doméstica, filtro de água,
etc.Além disso, foram incluídos produtos pertencentes
aos setores mais problemáticos em termos de adequação
às normas, como berço, cadeira de bebê para
automóvel, chapinha para cabelo, lâmpada, benjamin,
filtro de linha para computador e outros.Outras análises
terão sua viabilidade estudada devido às inúmeras
solicitações, reclamações e sugestões
de consumidores que entraram em contato. São os casos dos
produtos: pão de queijo, medidor de pressão, água
mineral e leite.No momento, encontram-se iniciadas as análises
de água sanitária, potência sonora, repelente,
sal refinado e copo plástico descartável.São
todas, ao mesmo tempo, análises necessárias e desafiadoras,
pois envolvem a segurança e a saúde dos consumidores
e a continuação de um trabalho no qual a população
brasileira confia.
Conseqüências
DATA
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AÇÕES
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14/03/2004 |
Divulgação
no Programa Fantástico Rede Globo de Televisão |
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